Economia Compartilhada e Arquitetura. O que eles tem a ver?

Você já ouviu falar de economia compartilhada? Não? A economia compartilhada é um fenômeno que acontece mundialmente nos dias de hoje no qual as pessoas abrem mão da posse única de algumas coisas em favor do aluguel temporário ou (claro!) do compartilhamento da posse. Hoje em dia vemos isso acontecendo em vários níveis. Desde espaços de trabalho compartilhados, até roupas compartilhadas passando pelo Netflix, Uber, AirBnb e pelas famosas bicicletas laranjas do Itaú que você pode alugar nas ruas do Rio, BH ou São Paulo.

 

Esse fenômeno já acontecia a algumas décadas e foi potencializado com a internet e outras tecnologias que tornaram a vida mais prática, eficiente, confiável, leve e compartilhável.

 

Por exemplo: o trabalho se tornou cada vez mais rápido e as ferramentas de trabalho se encontram todas no mesmo lugar: o seu laptop. Grandes equipamentos ficaram obsoletos. Salas de arquivo? Coisa do passado. Tudo agora fica na nuvem. Isso deixou as pessoas livres para trabalharem com mais autonomia, serem mais empreendedoras e explorar novos espaços de trabalho e formas de morar.

 

Grandes prédios de escritórios para uma empresa em breve não existirão mais. Empresas como Google e Facebook, por exemplo, possuem filiais no mundo todo em prédios compartilhados com outras empresas e os seus funcionários podem trabalhar remotamente de vários lugares.

 

Isso apresenta uma grande vantagem para os funcionários, mas também para estas empresas, pois os custos para manter esses espaços também são compartilhados, como: energia, limpeza, café, às vezes uma cervejinha. Tudo isso facilita a vida dos gestores de empresa e gera uma economia significativa!

 

Tá, mas o que a arquitetura tem a ver com isso? Tudo!

 

O papel da arquitetura é prever espaços que se adequem a forma na qual as pessoas vivem neles, ou seja, novas formas de viver, novas soluções arquitetônicas!

 

E a economia compartilhada muda drasticamente a forma com que as pessoas fazem as coisas e com isso aparecem novas soluções e novos conflitos.

 

Por exemplo: para projetar escritórios compartilhados, é importante nos preocuparmos com a sutil nuance entre os espaços compartilhados na medida, que geram amizades e networking e os espaços compartilhados demais, que acabam causando conflitos entre os usuários, pois estes também precisam de privacidade e tranquilidade para produzir.

 

Desta forma, a divisão dos espaços dentro de um prédio ou casa compartilhada deixa de ser apenas por propriedade, ou seja, por unidades, e passa a ser por compatibilidade de usos. O arquiteto precisa setorizar quais são os locais para pessoas que querem silêncio para produzir e locais onde as pessoas estão gerando ruídos.

 

Áreas de descanso, por exemplo, devem ser compartilhadas entre pessoas diferentes, mas devem ser posicionadas mais distantes das áreas de produção, para não atrapalhar quem não está disposto a estar em ambientes movimentados.

 

Para escritórios compartilhados também é importante existir variações de modalidades de aluguel de áreas para trabalho. Variando de postos de trabalho livres a salas individuais para um grupo pequeno de pessoas. Pavimentos corridos com dezenas de mesas iguais e muito próximas são, comprovadamente, o erro da década, gerando grande queda na produtividade dos funcionários, estresse e até depressão! As pessoas são diferentes e essas diferenças devem ser respeitadas nos locais de trabalho também. (Mas mais sobre isso em outro post).

 

Já a tendência das habitações compartilhadas ainda não decolou no Brasil, mas em outros países existem diversas opções de moradias compartilhadas e vários estudiosos dizem ser a tendência para o futuro.

 

Esse tipo de moradia seria, provavelmente, composto por um apartamento completo de tamanho reduzido possibilitando uma vivência tradicional, mas o edifício também possuiria diversos artifícios como jardins compartilhados, corredores com áreas de permanência compartilhada como cozinhas, salas de jogos e outros recursos.

 

Tudo isso para facilitar a socialização e possibilitar o compartilhamento e troca de favores entre os vizinhos. Seu vizinho idoso poderia, por exemplo, cuidar de seu filho durante o seu horário de trabalho, as crianças poderiam brincar com os colegas, você poderia comer vegetais orgânicos produzidos no seu edifício mesmo se você não tivesse tempo para cuidar da horta, pois o seu vizinho dedo-verde faria isso para todo mundo e em troca você poderia passear com o cachorro dele quando ele estivesse de férias.

 

Parece legal? Isso já acontece em muitos lugares e a arquitetura é o grande facilitador desse tipo de vida. Tudo o que o arquiteto precisa fazer é prever espaços que possibilitem esse tipo de interação e atividade e o resto acontecerá naturalmente.